domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições em Trangabuja

Em Trangabuja, os ânimos estavam muitos exaltados; era dia de eleição. Era já o segundo turno e as pessoas se preocupavam muito com o resultado do pleito. Com o passar das semanas, as discussões entre eleitores de candidatos diferentes se tornou um tanto acalorada. Num caso de discordância ideológica, o que seria uma simples conversa acabava se transformando num assassinato não premeditado. Diversas confusões e porradarias aconteciam a todo momento, não se podia mais caminhar sossegado pelas ruas.

—Por que você matou aquele cara com uma marreta de quebrar concreto e ficou batendo em sua cabeça até transformá-la em uma gosma vermelha?
—Ah, não sei... cara, você tem que entender, fiquei um pouco alterado. Ele não tinha cara de que ia votar no Glonzius.

Apesar do clima bélico, as pessoas saíram de suas casas e, caso não tenham sido assassinadas no caminho até suas zonas eleitorais, votaram. Havia duas possibilidades: os candidatos Glonzius e Catrapilas. Apesar de suas propostas governamentais serem extremamente semelhantes, de os dois prometerem as mesmas coisas, e de seus partidos serem igualmente corruptos, os habitantes de Trangabuja insistiam em guerrear energicamente por seus candidatos preferidos.


O Glonzius é o mais bonito e sensual. E, além disso, veja só, ele canta ópera! Não ouviu ele cantando no horário eleitoral?
Sim, ouvi. Mas prefiro Catrapilas, ele pode não ser tão bonito e sensual, mas pelo menos ele canta funk com muita delicadeza, feito um lorde inglês.


Em Trangabuja, além de suas propostas de governo, os candidatos deveriam demonstrar suas capacidades físicas, pois, para governar um país deve-se estar preparado para tudo, inclusive para combater o inimigo numa eventual guerra. Os candidatos apareciam em seus programas eleitorais fazendo musculação, com seus corpos besuntados de óleo. Vários closes eram dados em seus corpos, demonstrando como determinadas áreas de seus corpos eram muscularmente desenvolvidas. Cada candidato exibia seu órgão sexual, e, através de imagens alteradas por computação gráfica, diziam ter o maior pênis e as maiores bolas, pois isso indica alta capacidade viril de liderança. Os candidatos então apareciam espancando uma pessoa até a morte, exibindo seus dotes de força e maestria nas artes marciais, afinal, um presidente precisa saber punir alguém que o traiu.


—Pra mim, presidente tem que ter pau grande, pelo menos 19cm. Fala sério, o cara vai ter que comandar uma nação!
—É, bem, não sei se isso realmente importa... diria que o tamanho das bolas é mais importante.


Visando alcançar as camadas mais jovens, os candidatos apareciam fazendo coisas como jogar jogos de video game extremamente violentos, falando como haviam zerado determinado jogo diversas vezes no nível hard. Na night, pegando garotinhas, demonstrando sua lábia e virilidade. E outras coisas tipo saltar de paraquedas, ou domar leões. Visando alcançar as camadas mais velhas da população, apareciam fazendo coisas como jogar xadrez ou bocha, ou então parados em suas casas, sem fazer nada, com cara de sofrimento.


—Veja bem, Glonzius admitiu que, realmente, seus funcionários comem cérebros de crianças entre 1 e 3 anos de idade, e que eles as têm sequestrado em portas de creches municipais. De qualquer forma isso não importa: embora ele tenha dito que não vai afastar os funcionários, ele reconhece que eles erraram, afinal, errar é humano. O que importa é que ele vai nos ajudar. Prometeu construir mais creches municipais.
—Ah, sim, claro, ele é, de fato, um ótimo candidato.



***


Após o término da votação, os votos começaram a ser contados. Estavam acontecendo diversas festas por todo o território de Trangabuja, cada qual designada para celebrar a vitória de um dos dois candidatos. Nessas festas, além de comidas e bebidas, eram distribuídas armas para que, no caso do outro candidato ganhar, as pessoas pudessem sair pelas ruas assassinando quem tivesse contribuído para isso acontecer.

Telões exibiam a apuração em tempo real e a todo momento as pessoas gritavam e urravam o nome de seus candidatos. Com o passar das horas, pôde-se notar que a diferença de votos seria muito pequena. Até que a apuração terminou e um grande silêncio sepulcral se instalou pelo país. O noticiário informava que ambos os candidatos receberam, exatamente, 51.456.769 votos. Havia dado empate. As pessoas ficaram um tanto confusas, isso nunca havia acontecido antes, a chance disso acontecer era, obviamente, ínfima.

Até que o presidente do TSE apareceu nas telas de todo o país dizendo que, de acordo com uma lei muito antiga, os candidatos à presidência, caso empatassem numa votação de segundo turno, deveriam duelar até a morte. A população soltou urros de alegria.

Então, cada candidato se encaminhou para o local designado para o confronto, um ringue de luta livre, desses com grades em volta, de forma que nenhum deles pudesse escapar. O juiz chamou os dois inimigos ao centro e disse que de acordo com essa antiga lei, esse combate não possuía regras. E deu inicio à luta.

Os candidatos se espancaram loucamente. Vários eventos aconteceram ao longo de um combate tão sangrento quanto nojento, como a dilaceração do órgão sexual do outro com os dentes, o espancamento do ânus do adversário, o arrancar de dedos com auxílio dental, o urinar na face do oponente. O combate demorou horas e horas. Após algum tempo não se podia mais ver o chão do ringue, estava coberto de sangue, urina, fezes, cabelos e roupas dos adversários. Até que num determinado momento os candidatos correram um em direção ao outro e chocaram suas cabeças. Como seus crânios estavam muito fragilizados devido a diversos espancamentos e esmagamentos, suas cabeças explodiram com o choque, matando os dois candidatos na hora.

Após alguns momentos, nos telões espalhados pelo país, apareceu o presidente do TSE dizendo que, de acordo com a tal antiga lei, caso os dois candidatos falecessem durante o combate, que o novo presidente do país seria um chimpanzé. A lei também dizia que o presidente do TSE que iria escolher qual chimpanzé iria assumir o cargo. Sorrindo, ele exibiu o chimpanzé que seria o novo presidente do país. Então, sorrindo, o chimpanzé jogou um bolo de bosta na sua cara.


domingo, 24 de outubro de 2010

O Dispositivo Luminoso

No espetáculo teatral de um determinado artista, foi adotado um dispositivo luminoso capaz de exibir mensagens; textos curtos. O objetivo do aparelho era fazer o público compreender melhor o monólogo (que era composto de diversos textos, muito contrastantes), exibindo mensagens que elucidassem o caráter de cada trecho da obra. Embora não fosse considerado pelo artista como algo essencial, o dispositivo vinha sendo empregado também em diversos outros espetáculos da época, e o público estava começando a se acostumar com sua utilização.

Portanto, durante o espetáculo, quando o artista interpretava, por exemplo, um texto cômico, o dispositivo mostrava, em letras grandes e vermelhas: TEXTO CÔMICO; quando um texto triste, era exibido: TEXTO TRISTE; ou quando lia um revoltante: TEXTO REVOLTANTE.

O público, seguindo à risca o que era exibido pelo dispositivo, ria nos textos cômicos, chorava nos tristes, e se revoltava e gritava durante os revoltantes.

Várias semanas se passaram com o dispositivo funcionando perfeitamente; até que por falta de sorte, durante um determinado espetáculo, o dispositivo começou a apresentar problemas.

Durante alguns segundos, o dispositivo piscou de forma desordenada e exibiu letras aleatórias, ao acaso, até que voltou a exibir uma mensagem novamente. Isso aconteceu durante um texto cômico, e o público, que estava rindo, passou a chorar, copiosamente. O artista estranhou, e, para sua surpresa, quando olhou para o dispositivo, estava sendo exibida a mensagem "TEXTO TRISTE". A mesma situação se repetiu no texto seguinte, que era de caráter revoltante; durante a encenação, o dispositivo, que exibia a mensagem "TEXTO REVOLTANTE", passou a exibir "TEXTO CÔMICO", e o público, que estava berrando revoltado, passou a gargalhar das palavras revoltantes do artista.

Após alguns momentos, o aparelho começou exibir letras aleatórias e a soltar fumaça, até pifar de vez, de forma que nenhum texto mais pode ser exibido para o público. No momento em que isso aconteceu, foi possível ouvir um barulho, não muito alto, mas que conseguiu chamar a atenção do artista, que percebeu o que acontecera.

Por não se tratar de algo vital para a execução do espetáculo, o artista continuou a encenação.

Para a sua surpresa, depois da falha do dispositivo, o público parou de responder aos textos. Como o dispositivo nada mais mostrou, o público não mais riu, chorou ou se revoltou aos gritos, e assim permaneceu até o fim do espetáculo. As pessoas, simplesmente, ficaram sentadas, apáticas, olhando para o palco, em silêncio, aparentando não estar mais entendendo o conteúdo do texto representado.



domingo, 17 de outubro de 2010

Prêmio TOPBLOG


Pra quem ainda não sabe, o Top Blog é o prêmio mais importante da blogosfera brasileira, e o Somesentido ficou entre os 100 blogs mais votados de sua categoria (Cultura, blog Pessoal) no primeiro turno da votação.

Para que eu figure nesse seleto grupo, precisarei do seu voto. Agradeço àqueles que já votaram em mim na primeira fase, e peço pra quem puder que indique meu blog. Vale lembrar que os votos da primeira fase não contam na segunda, por isso, peço para quem votou na primeira fase que vote novamente.

Pra quem ainda não votou, é fácil:

1-)Clique no link
http://www.topblog.com.br/2010/index.php?pg=busca&c_b=113268
2-)Clique no botão "votar"
3-)Coloque seu nome, e-mail e confirme o voto.
4-)Você irá receber, da equipe do
Topblog, um email de confirmação, (é possível que ele caia na sua caixa de spam), é só clicar no link para validar seu voto.

Agradeço a quem puder votar!

domingo, 10 de outubro de 2010

A Opinião de Ponsamoto

Reunião de negócios.

-O que você acha, Teolófito?
-Faço minhas as palavras de Ponsamoto.
-E você, Ertrion?
-Faço minhas as palavras de Teolófito.
-E você, Jargancio?
-Faço minhas as palavras de Ertrion.
-E você, Ardriguizo?
-Falo minhas as palavras de Jargancio.
-E você, Salada Real?
-Faço minhas as palavras de Ardriguizo.
-E você, Celuléia?
-Faço minhas as palavras de Salada Real.
-E você, Canteirinho?
-Faço minhas as palavras de Celuléia.
-E você, Klopart?
-Faço minhas as palavras de Canteirinho.
-E você, Dingsold?
-Faço minhas as palavras de Klopart.
-E você, Oupersaf?
-Faço minhas as palavras de Dingsold.
-E você, Unompil?
-Faço minhas as palavras de Oupersaf.
-E você, Toblerone?
-Faço minhas as palavras de Unompil.
-E você, Qfwfq?
-Faço minhas as palavras de Toblerone.
-E você, #+-4$#2?
-Faço minhas as palavras de Qfwfq.
-E você, ;~.´;~)?
-Faço minhas as palavras de #+-4$#2.
-E você, ...¨...¨?
-Faço minhas as palavras de ;~.´;~).
-E você, Ponsamoto?
-Faço minhas as suas palavras.
-Ótimo, reunião encerrada.


sábado, 2 de outubro de 2010

Ejaculando

Eu, você, e todo mundo, junto, tocando punheta e ejaculando em rede nacional, ejaculando no Brasil todo, o deixando encharcado de porra, ejaculando na cara das crianças, dos velhos e das mulheres, ejaculando na cara estúpida da tua mãe, ejaculando na bunda do teu cachorro, e no quadro-negro das escolas, ejaculando em qualquer um que abra a boca pra falar, e na Constituição brasileira, ejaculando nos mendigos e nos meninos de rua, que passam fome, ejaculando no aluno que levanta o dedo pra tirar uma dúvida com o professor, ejaculando em quem entra num banheiro público, ejaculando na outra piroca que ejacula, causando uma explosão espérmica, e a destruição do universo físico, fazendo com que todas as crianças e todos os bebês ejaculem, uns nos outros, e depois ejaculem nos fetos, nos fetos que estão na boceta e no cu de suas mães mongolóides, ejaculando nos ouvidos do teu pai, fazendo a cabeça dele explodir, ejaculando no cadáver podre e fedido, ejaculando na rosa do jardim, e no coelhinho saltitante, ejaculando na noz do esquilo e no amendoim do elefante, ejaculando em quem abre o olho de manhã, e em quem o fecha à noite, ejaculando enquanto vê a comédia pastelão, e enquanto vê a tragédia grega, na tumba do faraó, e no cabelo do Papa, ejacular no mar, até ele ficar branco de porra, ejacular no teu cocô, comer o cocô ejaculado e cagar uma criança de merda e porra, passear na rua com a criança de merda e porra e a mostrar pros amigos, abusar sexualmente da criança de merda e porra e matar a criança de merda e porra, e depois comer a criança de merda e porra morta e depois cagar uma criança de merda e porra morta, e ficar nesse ciclo, eternamente, ou então cagar na boceta da tua mulher, pra ela parir um filho de merda, um filho retardado, estúpido e mongolóide, um filho igual a você, seu estúpido acéfalo, você, que fica sendo ejaculado por todo mundo, que fica sendo ejaculado em rede nacional, ejaculado por todos os brasileiros ejaculados por todos os brasileiros ejaculados por todos os brasileiros ejaculados por todos.