domingo, 12 de dezembro de 2010

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Antologia de Prosa Plástico Bolha

Hoje, no CEP 20.000, acontece o relançamento da Antologia de Prosa Plástico Bolha, aqui no Rio de Janeiro, no Espaço Sérgio Porto, Humaitá, às 20:30.

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Primeiro projeto editorial da Editora Oito e Meio, a Antologia de Prosa Plástico Bolha, organizada por Flávia Iriarte, fundadora da Editora Oito e Meio, e Lucas Viriato de Medeiros, idealizador do jornal literário Plástico Bolha, consiste numa cuidadosa seleção de 35 contos de 32 contistas que foram publicadas no Plástico Bolha ao longo de seus 5 anos de existência.

Já tive a oportunidade de ler o livro, e posso dizer que os textos possuem estilos bem variados, uma vez que seus autores vêm de experiências acadêmicas e profissionais bastante distintas, o que torna a leitura agradável e nunca monótona; e apresentam desde as mais delicadas e poéticas situações do cotidiano até os mais loucos e curiosos devaneios surrealistas. Vale lembrar que alguns dos autores já foram publicados, e com trabalhos reconhecidos, como Alice Sant'anna, Augusto Guimaraens Cavalcanti, Tatiana Salem Levy, e Camila Justino.

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Pra quem é de fora do Rio, a antologia pode ser adquirida através do site da editora, pelo link http://www.oitoemeio.com.br/404/catalogo/404/

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Manual de Comportamento

Hoje é dia de aprender a como se comportar da forma correta, para que as outras pessoas não pensem que você é estranho(a) ou deslocado(a) socialmente. Existem certas normas sociais que devem ser seguidas para que você seja percebido(a) como alguém que sabe se comportar. Isso irá fazer com que os outros seres humanos queiram estar perto de você, queiram abraçar você, queriam amar você, queriam trepar loucamente com você, queiram ter 25 filhos com você, queiram elegê-lo(a) o ser humano mais foda do mundo, queriam morrer por você, e, por último, que queiram matar por você.


Primeira lição: Defecar em um banheiro público comum - um manual prático

É importante ressaltar o caráter privado que o ato da defecação possui. Há muitos séculos, o ato de defecar é associado a um momento só seu, no qual mais ninguém deve interferir ou ajudar. Defecar significa estar a sós consigo mesmo, é despejar no mundo o que, por alguns momentos, foi seu, e que só você pode se livrar daquilo.

Portanto, quando quiser defecar, vá para um local ermo, vazio, solitário. De preferência utilize um banheiro limpo. Dentro do banheiro você deverá encontrar um dispositivo com água no seu interior, o tal "vaso sanitário", ou "privada" (mais uma vez aqui podemos notar o caráter privado do ato de despejar nossos dejetos; a palavra "privada" é simplesmente o feminino de "privado"). Avistando a privada, você deverá remover a roupa de seus membros inferiores; no caso de ser homem, remover suas calças, shorts, bermudas, cuecas ou sungas. No caso de ser mulher, suas calças, saias, vestidos, calcinhas ou biquínis. É interessante lembrar que algumas pessoas gostar de praticar este ato solitário totalmente nus, por se sentirem mais à vontade, mas isso é totalmente desnecessário. Após remover a parte inferior de suas vestes, abra a tampa da privada e sente-se na tábua do vaso. É importante não se sentar diretamente no vaso, pois ele certamente estará mais sujo que do que a tábua (a não ser que alguém tenha despejado seus dejetos diretamente na tábua, o que é pouco provável), e, geralmente, a abertura do vaso é maior do que a de sua tábua, de forma que é possível que você caia dentro do vaso caso tente sentar-se dessa forma. Muito bem, agora que você está sentado(a) no vaso, o processo de defecar (ou "cagar", como se diz popularmente, ou ainda, "fazer cocô", como dizem as crianças ao se referirem ao ato) irá, de fato, se iniciar. Relaxando seu esfíncter, e contraindo as paredes de seu reto fará com que as fezes saiam de dentro de seu corpo. Não se preocupe, quando isto estiver acontecendo você certamente irá notar. Relaxe, e deixe que toda a matéria fecal seja eliminada. Ao término desta etapa, você deverá realizar uma limpeza da região anal, seja utilizando o "papel higiênico" (encontrado na maior parte dos banheiros), que deverá ser utilizado sendo esfregado manualmente contra seu ânus sujo (você deverá utilizar várias amostras desse papel, até que o ânus aparente estar limpo) ou utilizando o "bidê", dispositivo que no qual nos sentamos, e que lança água verticalmente, em direção ao seu ânus, a uma alta velocidade e pressão, fazendo uma excelente limpeza anal.

Pronto, agora você já terminou de defecar. Vista-se, lave as mãos e saia do banheiro. Antes disso, verifique se o banheiro não ficou com um fedor muito forte. No caso disso vir a acontecer, utilize um desodorizador, para que um cheiro agradável e perfumado se espalhe pelo banheiro, fazendo com que o próximo usuário do banheiro não tenha ânsias de vômito ao adentrar o recinto.




Segunda lição: Comendo em local público.

Todos nós já nos perguntamos: qual a melhor maneira de comer? Como tornar este um ato agradável e elegante? Como ser bem visto pelos outros na hora de se alimentar?

O mais importante é não fazer muita sujeira. Deve-se derramar o mínimo de comida na mesa, no chão, e nas suas roupas (e nas dos outros). Lembre-se de que comer deve significar elegância e estilo. Você não precisa comer feito um lorde inglês, mas alguns poucos bons modos serão muito bem vindos quando estiver num local público.

Um desses bons modos é não comer com as mãos. Existem ferramentas conhecidas como "talheres" que são utilizadas há alguns séculos; não utilizá-los é grave gafe à mesa, você será visto como um ogro, ou como um animal selvagem. Podemos abrir exceção para os seguintes alimentos, que tradicionalmente são comidos com as mãos, como, por exemplo, sanduíches, alcachofras, batatas chips, caranguejo, e milho. É importante não brincar coma comida. Por mais que isso seja tentador, fazer pequenas esculturas ou chocar um alimento contra o outro de forma que a comida voe para fora do prato são atos de selvageria aguda.

Levar o rosto diretamente ao prato é considerado, em geral, deselegante. Uma das razões é que, comendo desta forma, certamente alguma comida irá grudar em seu rosto, principalmente em torno da boca, o que não é algo bom. Tomar sopa desta forma fará com que se assemelhe a um cão bebendo água. Um outro motivo é que muitos alimentos, como carnes, precisam ser cortados em pedaços menores, e comendo com o rosto diretamente no prato fará com que você tenha de utilizar as mãos também no processo, o que nos leva ao motivo já mencionado no início do parágrafo anterior.

É importante lembrar de comer de sempre de boca fechada; assim que levar o alimento à boca, feche-a imediatamente, de forma que a comida não caia para fora - o que nos leva a algo que recomendo fortemente, que é não mostrar a comida que está dentro de sua boca para os outros da mesa. Isso é considerado um ato incrivelmente nojento e fará com que as pessoas tenham ânsia de vômito, além do perigo da comida cair para fora de sua boca e lhe sujar, ou sujar a mesa, ou outra pessoa.

Arrotos e peidos não são bem mais vistos socialmente. Segures os gases e os libere no banheiro. Essa lição vale para outros tipos de encontros sociais como shows, peças de teatro, cinema, festas em apartamentos, etc.

Lembre-se: comer deve significar limpeza e elegância, e não sujeira, nojeira e selvageria.




Terceira lição: Bebendo água em público

Veja bem: se você quiser, em sua casa, sozinho, beber água de uma forma estúpida, nojenta, retardada e grotesca, é problema seu e de mais ninguém. Ninguém vai saber mesmo. Mas caso você resolva se deleitar em público com esse líquido magnífico que a natureza nos proveu, deverá seguir algumas normas socialmente estabelecidas, ou pelo menos não poderá passar de certos pontos.

A água deve ser colocada, de preferência, em um copo. Pode-se beber diretamente de uma garrafa, mas tão somente se a garrafa for de uso exclusivo seu. Quebrar esta regra fará com que as pessoas lhe considerem um porco.

Também é deselegante colocar a boca diretamente na torneira ou filtro. É algo um tanto animalesco se for pensar, além de que você facilmente se engasgará.

Beba água de forma que ela não caia para fora de sua boca. Embora isso seja relativamente fácil de acontecer, deve-se evitar que isso aconteça. Por isso, não beba com a boca aberta demais, como se estivesse bocejando, pois isso fará com que você tenha pouco controle da água que entra, e nem com a boca fechada demais, já que isso dificultará a sua entrada, fazendo com que a boca não comporte o fluxo de água que entra e a água transborde para os lados do copo.

Algumas outras coisas que deve-se evitar é beber falando ou gritando. Grandes chances de que você engasgue, e os outros não irão entender o que você fala. Também deve-se evitar fazer outras coisas com a mão que está levando o copo à boca, como, por exemplo, ajeitar o cabelo com a mesma mão que segura o copo, a água acabará sendo derramada em você mesmo, talvez no seu cabelo.

Nunca jogue água nas outras pessoas, especialmente em situações formais, pode causar grandes constrangimentos, você será taxado de "retardado" ou "mongoloide".




Quarta lição: Falando em público.

Falar. Um ato tão nobre. Expor ideias, anseios e opiniões. Uma das poucas coisas que nos separa dos animais irracionais. Então por que não falar de forma correta, bela e elegante? Quando estiver falando sozinho pode-se abandonar essas regras, mas em público deve-se levá-las em conta.

Assim como no ato de beber água, não se deve falar nem com a boca aberta demais, nem com a boca fechada demais. Falar tanto com a boca muito aberta quanto muito fechada fará com que você não articule as sílabas da forma correta, fazendo você parecer uma pessoa idiota que não aprendeu a falar, além de que as pessoas não o compreenderão. Fale com a boca aberta na medida certa, abrindo a boca somente o necessário. Enquanto não estiver falando é recomendado que feche completamente a boca. Ficando com a boca aberta você corre o risco de que algo caia lá dentro, ou de se passar por maluco e doente mental, especialmente se resolver ficar com a boca escancarada.

Na hora de falar você deve estar a uma distância compatível com o seu volume de voz e de intimidade com a pessoa. Falar com a boca colada ao ouvido de alguém é reservado somente a parceiros sexuais. Quando quiser fazer isso, não grite, de preferência, sussurre. Gritando fará com que a outra pessoa sinta grande desconforto e raiva de você, o fazendo parecer um deslocado social. Falando de longe requerirá uma grande potência vocal. Quanto mais longe, mais forte deverá ser sua fala. Não recomendo que converse com alguém que esteja a mais de 45 metros de você, especialmente se for um assunto muito sério ou complexo.




Quinta lição: Se matando em público.

Suicidar-se. O ato libertário final; o ato egoísta que nos leva desse lugar tão estranho e sombrio que é o nosso planeta. Se vamos, antes da hora, partir dessa pra uma melhor, por que não fazê-lo com estilo, limpeza e bons modos? Se você é sozinho no mundo, e/ou quer se matar num local privado, tudo bem, exploda-se, estraçalhe-se, mas ao se matar em público é recomendado que siga algumas recomendações.

Não estraçalhe o seu corpo, de forma alguma. Não se jogue em algum triturador, ou esmagador. Isso atrapalhará sua família a recolher seus restos, e tornará este processo um tanto nojento.

Não decepe pedaços seus. Não corte seu tronco ao meio, ou a cabeça, as penar ou os braços. Você perderá muito sangue e pedaços internos seus poderão sair para fora, o que é nojento.

Uma forma limpa de se matar é com o gás de cozinha, ou tomando algum veneno por via oral. As pessoas ficarão tristes (ou não) com a sua morte, mas ao mesmo tempo felizes por não terem que recolher seus pedaços (se matar em público com gás de cozinha é um tanto perigoso, pois mais pessoas acabarão morrendo com você. Caso sejam pessoas que você não aprecia, tudo bem. Senão, evite esta forma de morte).

De preferência, não se mate em locais públicos. Assistir a pessoas se suicidando não é o que se espera de um domingo no parque com seus filhos. Muito menos quando você for se matar utilizando uma dinamite amarrada ao tronco.



Este foi um manual prático em 5 lições. Esperamos que faça bom uso delas.




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Gostaria de agradecer a todos que votaram em mim para o prêmio Topblog. Não fiquei entre entre os 3 finalistas da categoria, infelizmente. No entanto, durante a votação, fiquei entre os 30 mais votados, o que já é alguma coisa. Obrigado a todos!

domingo, 7 de novembro de 2010

Um reflexo dos dias de hoje

Depois de passar a noite em claro, o pai consegue conversar com o médico, que sai de dentro da sala de parto.

—E então, doutor?
—Pode ficar tranquilo, a criança nasceu! E sua esposa está bem, está descansando agora.
—O bebê está bem?
—Sim, está, é uma criança saudável.
—Ah, graças a Deus! Me diga, é menino ou menina? Estou curioso, o ultra-som não conseguia dizer o sexo da criança por algum motivo desconhecido...
—É, gostaria de conversar com você sobre este assunto. Vamos para a minha sala.

Eles caminham alguns metros até a sala particular do médico na casa de saúde.

—Não estou entendendo, qual o problema? Gostaria de ver meu filho. A criança não nasceu saudável?
—Sim, nasceu... é que... bem...
—Diga, doutor, qual o problema? E qual o sexo da criança?
—É aí que está o problema. Nós não sabemos.
—Como assim?
—O sexo da criança é ambíguo.
—Ambíguo?
—É.
—Mas... como? Ela é hermafrodita?
—Não, nada disso. Você tem que entender, é um reflexo dos dias de hoje. Algumas crianças têm nascido assim. Essa dicotomia feminino/masculino está sendo lentamente abandonada pela nossa espécie.
—Nossa, não tinha noção disso. Esta parece ser uma péssima condição para meu filho, digo, filha, enfim, talvez seja uma pessoa socialmente excluída por esta razão.
—Diria que não; isso pode ser estranho para pessoas da nossa geração, mas com as novas será diferente, pois é um fenômeno crescente. Cada vez mais crianças têm nascido assim. A geração de seu filho achará isso algo normal. Alguns cientistas estão até propondo que seja criada uma denominação nova, algo que indique um terceiro sexo, algo tipo mascufêmeo, ou femimásculo, ouvi dizer.
—Isso é realmente estranho, não faz sentido pra mim. Mas e o formato do órgão sexual? Não deixa evidente o sexo do bebê?
—Bom, é meio difícil de explicar, seria melhor que visse com seus próprios olhos. Por que não vamos lá ver a criança?

Eles caminham até a sala de parto. A esposa está dormindo. Os dois se aproximam do berço onde o bebê se encontra sob os cuidados de uma enfermeira.

—Aqui está seu bebê - diz a enfermeira.

O pai o toma em seus braços, emocionado, e o observa por algum tempo.

—É, doutor, você tem razão, seu sexo é ambíguo mesmo.
—Não falei?
—Olhando assim fica difícil dizer se é menino ou menina.
—Pois é. Talvez isso não seja mais tão importante, no final das contas.


domingo, 31 de outubro de 2010

Eleições em Trangabuja

Em Trangabuja, os ânimos estavam muitos exaltados; era dia de eleição. Era já o segundo turno e as pessoas se preocupavam muito com o resultado do pleito. Com o passar das semanas, as discussões entre eleitores de candidatos diferentes se tornou um tanto acalorada. Num caso de discordância ideológica, o que seria uma simples conversa acabava se transformando num assassinato não premeditado. Diversas confusões e porradarias aconteciam a todo momento, não se podia mais caminhar sossegado pelas ruas.

—Por que você matou aquele cara com uma marreta de quebrar concreto e ficou batendo em sua cabeça até transformá-la em uma gosma vermelha?
—Ah, não sei... cara, você tem que entender, fiquei um pouco alterado. Ele não tinha cara de que ia votar no Glonzius.

Apesar do clima bélico, as pessoas saíram de suas casas e, caso não tenham sido assassinadas no caminho até suas zonas eleitorais, votaram. Havia duas possibilidades: os candidatos Glonzius e Catrapilas. Apesar de suas propostas governamentais serem extremamente semelhantes, de os dois prometerem as mesmas coisas, e de seus partidos serem igualmente corruptos, os habitantes de Trangabuja insistiam em guerrear energicamente por seus candidatos preferidos.


O Glonzius é o mais bonito e sensual. E, além disso, veja só, ele canta ópera! Não ouviu ele cantando no horário eleitoral?
Sim, ouvi. Mas prefiro Catrapilas, ele pode não ser tão bonito e sensual, mas pelo menos ele canta funk com muita delicadeza, feito um lorde inglês.


Em Trangabuja, além de suas propostas de governo, os candidatos deveriam demonstrar suas capacidades físicas, pois, para governar um país deve-se estar preparado para tudo, inclusive para combater o inimigo numa eventual guerra. Os candidatos apareciam em seus programas eleitorais fazendo musculação, com seus corpos besuntados de óleo. Vários closes eram dados em seus corpos, demonstrando como determinadas áreas de seus corpos eram muscularmente desenvolvidas. Cada candidato exibia seu órgão sexual, e, através de imagens alteradas por computação gráfica, diziam ter o maior pênis e as maiores bolas, pois isso indica alta capacidade viril de liderança. Os candidatos então apareciam espancando uma pessoa até a morte, exibindo seus dotes de força e maestria nas artes marciais, afinal, um presidente precisa saber punir alguém que o traiu.


—Pra mim, presidente tem que ter pau grande, pelo menos 19cm. Fala sério, o cara vai ter que comandar uma nação!
—É, bem, não sei se isso realmente importa... diria que o tamanho das bolas é mais importante.


Visando alcançar as camadas mais jovens, os candidatos apareciam fazendo coisas como jogar jogos de video game extremamente violentos, falando como haviam zerado determinado jogo diversas vezes no nível hard. Na night, pegando garotinhas, demonstrando sua lábia e virilidade. E outras coisas tipo saltar de paraquedas, ou domar leões. Visando alcançar as camadas mais velhas da população, apareciam fazendo coisas como jogar xadrez ou bocha, ou então parados em suas casas, sem fazer nada, com cara de sofrimento.


—Veja bem, Glonzius admitiu que, realmente, seus funcionários comem cérebros de crianças entre 1 e 3 anos de idade, e que eles as têm sequestrado em portas de creches municipais. De qualquer forma isso não importa: embora ele tenha dito que não vai afastar os funcionários, ele reconhece que eles erraram, afinal, errar é humano. O que importa é que ele vai nos ajudar. Prometeu construir mais creches municipais.
—Ah, sim, claro, ele é, de fato, um ótimo candidato.



***


Após o término da votação, os votos começaram a ser contados. Estavam acontecendo diversas festas por todo o território de Trangabuja, cada qual designada para celebrar a vitória de um dos dois candidatos. Nessas festas, além de comidas e bebidas, eram distribuídas armas para que, no caso do outro candidato ganhar, as pessoas pudessem sair pelas ruas assassinando quem tivesse contribuído para isso acontecer.

Telões exibiam a apuração em tempo real e a todo momento as pessoas gritavam e urravam o nome de seus candidatos. Com o passar das horas, pôde-se notar que a diferença de votos seria muito pequena. Até que a apuração terminou e um grande silêncio sepulcral se instalou pelo país. O noticiário informava que ambos os candidatos receberam, exatamente, 51.456.769 votos. Havia dado empate. As pessoas ficaram um tanto confusas, isso nunca havia acontecido antes, a chance disso acontecer era, obviamente, ínfima.

Até que o presidente do TSE apareceu nas telas de todo o país dizendo que, de acordo com uma lei muito antiga, os candidatos à presidência, caso empatassem numa votação de segundo turno, deveriam duelar até a morte. A população soltou urros de alegria.

Então, cada candidato se encaminhou para o local designado para o confronto, um ringue de luta livre, desses com grades em volta, de forma que nenhum deles pudesse escapar. O juiz chamou os dois inimigos ao centro e disse que de acordo com essa antiga lei, esse combate não possuía regras. E deu inicio à luta.

Os candidatos se espancaram loucamente. Vários eventos aconteceram ao longo de um combate tão sangrento quanto nojento, como a dilaceração do órgão sexual do outro com os dentes, o espancamento do ânus do adversário, o arrancar de dedos com auxílio dental, o urinar na face do oponente. O combate demorou horas e horas. Após algum tempo não se podia mais ver o chão do ringue, estava coberto de sangue, urina, fezes, cabelos e roupas dos adversários. Até que num determinado momento os candidatos correram um em direção ao outro e chocaram suas cabeças. Como seus crânios estavam muito fragilizados devido a diversos espancamentos e esmagamentos, suas cabeças explodiram com o choque, matando os dois candidatos na hora.

Após alguns momentos, nos telões espalhados pelo país, apareceu o presidente do TSE dizendo que, de acordo com a tal antiga lei, caso os dois candidatos falecessem durante o combate, que o novo presidente do país seria um chimpanzé. A lei também dizia que o presidente do TSE que iria escolher qual chimpanzé iria assumir o cargo. Sorrindo, ele exibiu o chimpanzé que seria o novo presidente do país. Então, sorrindo, o chimpanzé jogou um bolo de bosta na sua cara.


domingo, 24 de outubro de 2010

O Dispositivo Luminoso

No espetáculo teatral de um determinado artista, foi adotado um dispositivo luminoso capaz de exibir mensagens; textos curtos. O objetivo do aparelho era fazer o público compreender melhor o monólogo (que era composto de diversos textos, muito contrastantes), exibindo mensagens que elucidassem o caráter de cada trecho da obra. Embora não fosse considerado pelo artista como algo essencial, o dispositivo vinha sendo empregado também em diversos outros espetáculos da época, e o público estava começando a se acostumar com sua utilização.

Portanto, durante o espetáculo, quando o artista interpretava, por exemplo, um texto cômico, o dispositivo mostrava, em letras grandes e vermelhas: TEXTO CÔMICO; quando um texto triste, era exibido: TEXTO TRISTE; ou quando lia um revoltante: TEXTO REVOLTANTE.

O público, seguindo à risca o que era exibido pelo dispositivo, ria nos textos cômicos, chorava nos tristes, e se revoltava e gritava durante os revoltantes.

Várias semanas se passaram com o dispositivo funcionando perfeitamente; até que por falta de sorte, durante um determinado espetáculo, o dispositivo começou a apresentar problemas.

Durante alguns segundos, o dispositivo piscou de forma desordenada e exibiu letras aleatórias, ao acaso, até que voltou a exibir uma mensagem novamente. Isso aconteceu durante um texto cômico, e o público, que estava rindo, passou a chorar, copiosamente. O artista estranhou, e, para sua surpresa, quando olhou para o dispositivo, estava sendo exibida a mensagem "TEXTO TRISTE". A mesma situação se repetiu no texto seguinte, que era de caráter revoltante; durante a encenação, o dispositivo, que exibia a mensagem "TEXTO REVOLTANTE", passou a exibir "TEXTO CÔMICO", e o público, que estava berrando revoltado, passou a gargalhar das palavras revoltantes do artista.

Após alguns momentos, o aparelho começou exibir letras aleatórias e a soltar fumaça, até pifar de vez, de forma que nenhum texto mais pode ser exibido para o público. No momento em que isso aconteceu, foi possível ouvir um barulho, não muito alto, mas que conseguiu chamar a atenção do artista, que percebeu o que acontecera.

Por não se tratar de algo vital para a execução do espetáculo, o artista continuou a encenação.

Para a sua surpresa, depois da falha do dispositivo, o público parou de responder aos textos. Como o dispositivo nada mais mostrou, o público não mais riu, chorou ou se revoltou aos gritos, e assim permaneceu até o fim do espetáculo. As pessoas, simplesmente, ficaram sentadas, apáticas, olhando para o palco, em silêncio, aparentando não estar mais entendendo o conteúdo do texto representado.



domingo, 17 de outubro de 2010

Prêmio TOPBLOG


Pra quem ainda não sabe, o Top Blog é o prêmio mais importante da blogosfera brasileira, e o Somesentido ficou entre os 100 blogs mais votados de sua categoria (Cultura, blog Pessoal) no primeiro turno da votação.

Para que eu figure nesse seleto grupo, precisarei do seu voto. Agradeço àqueles que já votaram em mim na primeira fase, e peço pra quem puder que indique meu blog. Vale lembrar que os votos da primeira fase não contam na segunda, por isso, peço para quem votou na primeira fase que vote novamente.

Pra quem ainda não votou, é fácil:

1-)Clique no link
http://www.topblog.com.br/2010/index.php?pg=busca&c_b=113268
2-)Clique no botão "votar"
3-)Coloque seu nome, e-mail e confirme o voto.
4-)Você irá receber, da equipe do
Topblog, um email de confirmação, (é possível que ele caia na sua caixa de spam), é só clicar no link para validar seu voto.

Agradeço a quem puder votar!

domingo, 10 de outubro de 2010

A Opinião de Ponsamoto

Reunião de negócios.

-O que você acha, Teolófito?
-Faço minhas as palavras de Ponsamoto.
-E você, Ertrion?
-Faço minhas as palavras de Teolófito.
-E você, Jargancio?
-Faço minhas as palavras de Ertrion.
-E você, Ardriguizo?
-Falo minhas as palavras de Jargancio.
-E você, Salada Real?
-Faço minhas as palavras de Ardriguizo.
-E você, Celuléia?
-Faço minhas as palavras de Salada Real.
-E você, Canteirinho?
-Faço minhas as palavras de Celuléia.
-E você, Klopart?
-Faço minhas as palavras de Canteirinho.
-E você, Dingsold?
-Faço minhas as palavras de Klopart.
-E você, Oupersaf?
-Faço minhas as palavras de Dingsold.
-E você, Unompil?
-Faço minhas as palavras de Oupersaf.
-E você, Toblerone?
-Faço minhas as palavras de Unompil.
-E você, Qfwfq?
-Faço minhas as palavras de Toblerone.
-E você, #+-4$#2?
-Faço minhas as palavras de Qfwfq.
-E você, ;~.´;~)?
-Faço minhas as palavras de #+-4$#2.
-E você, ...¨...¨?
-Faço minhas as palavras de ;~.´;~).
-E você, Ponsamoto?
-Faço minhas as suas palavras.
-Ótimo, reunião encerrada.


sábado, 2 de outubro de 2010

Ejaculando

Eu, você, e todo mundo, junto, tocando punheta e ejaculando em rede nacional, ejaculando no Brasil todo, o deixando encharcado de porra, ejaculando na cara das crianças, dos velhos e das mulheres, ejaculando na cara estúpida da tua mãe, ejaculando na bunda do teu cachorro, e no quadro-negro das escolas, ejaculando em qualquer um que abra a boca pra falar, e na Constituição brasileira, ejaculando nos mendigos e nos meninos de rua, que passam fome, ejaculando no aluno que levanta o dedo pra tirar uma dúvida com o professor, ejaculando em quem entra num banheiro público, ejaculando na outra piroca que ejacula, causando uma explosão espérmica, e a destruição do universo físico, fazendo com que todas as crianças e todos os bebês ejaculem, uns nos outros, e depois ejaculem nos fetos, nos fetos que estão na boceta e no cu de suas mães mongolóides, ejaculando nos ouvidos do teu pai, fazendo a cabeça dele explodir, ejaculando no cadáver podre e fedido, ejaculando na rosa do jardim, e no coelhinho saltitante, ejaculando na noz do esquilo e no amendoim do elefante, ejaculando em quem abre o olho de manhã, e em quem o fecha à noite, ejaculando enquanto vê a comédia pastelão, e enquanto vê a tragédia grega, na tumba do faraó, e no cabelo do Papa, ejacular no mar, até ele ficar branco de porra, ejacular no teu cocô, comer o cocô ejaculado e cagar uma criança de merda e porra, passear na rua com a criança de merda e porra e a mostrar pros amigos, abusar sexualmente da criança de merda e porra e matar a criança de merda e porra, e depois comer a criança de merda e porra morta e depois cagar uma criança de merda e porra morta, e ficar nesse ciclo, eternamente, ou então cagar na boceta da tua mulher, pra ela parir um filho de merda, um filho retardado, estúpido e mongolóide, um filho igual a você, seu estúpido acéfalo, você, que fica sendo ejaculado por todo mundo, que fica sendo ejaculado em rede nacional, ejaculado por todos os brasileiros ejaculados por todos os brasileiros ejaculados por todos os brasileiros ejaculados por todos.


domingo, 26 de setembro de 2010

Amigo é pra essas coisas

Essa é uma esquete teatral que escrevi em Novembro do ano passado para o espetáculo Clube da Cena, mas que acabou não sendo utilizada (pra quem quiser ver, coloco aqui o link com o texto e o vídeo da outra esquete, "32 Anos de Balé", que foi apresentada em Novembro de 2009).




Personagens:

Leonarda (L) – Dona da casa

Danielo (D) – Filho de Leonarda

Silvano (S)– Amigo de Danielo




O ideal é que os atores vistam roupas bem infantis, para que fique bem ridículo. Diria que são crianças de 7 ou 8 anos. Deve haver alguns brinquedos espalhados pelo palco. Eles estão no quarto de Danielo.



Danielo e Silvano brincam.


D - (TÍMIDO) Silvano, eu gostaria de te dizer uma coisa.

S - Diga.

D - Eu te considero muito meu amigo, sabe?

S - (COM UM GRANDE SORRISO) Nossa, Danielo, fico muito feliz por ouvir isso de você. Sabe por que?

D - Por que?

S - (COM UM GRANDE SORRISO) Por que eu NÃO te considero meu amigo!


(Danielo fica desconcertado)


D - (GAGUEJANDO) Sério??? Mas, mas, mas, por que???

S - Ah, você até que se esforça, mas não é bom o suficiente.

D - Poxa, mas eu sempre te tratei tão bem, te convidei pra vir aqui em casa, emprestei meus brinquedos, te escolhia na hora de jogar queimado - apesar de você jogar incrivelmente mal -, te fiz uma homenagem na minha festa de aniversário cantando uma canção que escrevi especialmente pra você, deixei você segurar na mão da Glorinha, ontem no recreio, mesmo sabendo que ela gosta mais de mim do que de você, dei TODA a minha coleção de bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco pra você, apesar dela ser uma das razões do meu viver, e, e...

S - (COM DESPREZO) Não, não... Mas tudo bem, eu posso continuar vindo aqui brincar com você.

D - Ah, é?? Mas por que você quer continuar vindo aqui, se eu não sou seu amigo?

S - (ARROGANTE) Porque eu tenho pena de você. Além disso, sua mãe iria ficar triste se eu parasse de vir aqui. Sua mãe é uma mulher muito legal, sabe? Não gostaria de magoá-la. E aqueles doces que ela faz são espetaculares, BEM melhores dos que a minha mãe faz. Seria muito estúpido de minha parte abrir mão desses prazeres culinários que ela me proporciona.

D - (UM POUCO CONFUSO) É, realmente, acho faz algum sentido o que você está dizendo...

S - (IRRITADO) Você ACHA que faz sentido?? Mas é CLARO que faz sentido. E você quer que eu pare de vir aqui e te abandone? Você não é meu amigo, mas EU sou o seu melhor amigo. Se eu parar de falar com você, você não tem nada. Ninguém na escola gosta de você. Olha só, olha pra esses brinquedos que você tem aqui. Só tem tem porcaria! POR-CA-RI-A. Quem quer ter um amigo que nem você? Você nem tem um Playstation 3 ou um Wii pra eu brincar! Realmente, eu deveira ser considerado um benfeitor por vir aqui e te proporcionar momentos de felicidade. Não sei se deveria continuar vindo aqui mesmo, você me dá nojo, e...

D - (DESESPERADO, SE AGARRANDO ÀS PERNAS DE S.) NÃO, NÃO! Por favor, não me abandone!!! Eu não quero ficar sozinho no mundo, sem amigos!!! Eu preciso de sua companhia! AAAAHHHHHHHH, não, não faça isso comigo, Silvano! Não me abandone nesse mundo, cheio de pessoas ruins...

Nesse momento, enquanto Danielo está se humilhando na frente de Silvano, a mãe de Danielo, Leonarda, entra no quarto. Danielo tenta se recompor, para que a mãe não perceba o que está acontecendo. Silvano fica sério.


S - Olá, dona Leonarda! Tudo bem com a senhora?

L- Tudo, meu querido! Estava trabalhando e ouvi uns gritos vindo daqui, só vim conferir se está tudo bem com vocês.

S - (SÉRIO) Sim, claro, estava apenas tendo uma conversa com o Danielo.


(Silvano olha para Danielo, e Danielo, com muito medo e tentando parecer natural, diz:)


D - Sim, sim, mãe, hahahaha, está tudo ótimo, apenas conversávamos amigavelmente.

S - (SORRINDO) Sim, dona Leonarda. Estava falando aqui com o Danielo que estou com um pouco de fome. Gostaria de comer algum daqueles seus docinhos que tanto aprecio.

L - Ah, sim, Silvano, mais tarde eu faço um doce pra vocês. Mas agora não posso, estou no meio de um trabalho, sabe...


(Enquanto ela fala, Silvano olha, "discretamente", enfurecido para Danielo com uma cara de "faça algo em relação a isso".)


D - (DESESPERADO, OFEGANTE, SE AGARRANDO AO VESTIDO DA MÃE) Mãe, mãe, eu, eu acho que você devia fazer os doces agora, AGORA entende, o Silvano está com muita fome, MUITA FOME!!

L - Meu filho, o que foi? Você está bem? Parece um pouco alterado...

D - (ALTERADO) Não, mãe, que isso, hahahaha, tô bem, to ótimo...

S - (COMECANDO A PEDER A PACIÊNCIA) Isso, dona Leonarda, acho que a senhora deveria fazer os docinhos agora mesmo.

L - (DE FORMA DOCE) Silvano, tenha paciência, como já havia dito, agora estou trabalhando, não posso interromper o que estou fazendo nesse instante, é muito importante esse relatório, é para amanhã cedo...


(Enquanto Leonarda fala, Danielo, já está em pânico, praticamente rezando)


S - (IRRITADO) Dona Leonarda!!! Acho que você não está entendendo a situação!! (CHUTA UM DOS BRINQUEDOS) Eu quero doce, e eu quero agora, PORRA.

L - (FALANDO ALTO) Ó, o que é isso, isso são modos??? Vou contar para sua mãe que você está se comportando muito mal aqui em casa!

D - (AGARRADO À MÃE) Não, mãe, não briga com ele não!!!

L - Como não? Viu só como ele falou comigo?

D - Ele só quer o doce!!!

S - Pensando melhor, eu não quero só o doce, não. Eu quero uma bitoca. Sabe, eu nunca beijei uma mulher, acho que já estou na idade de começar a aprender sobre os mistérios do sexo. E quem melhor do que VOCÊ para me ensinar isso, hein, dona Leonarda?

L - (IRRITADA, AOS BERROS) O QUEEE? Como se atreve, seu muleque? Olha como fala comigo, sou uma mulher de respeito!! Você não recebe educação em casa não? Você merecia levar uma surra de cinto, isso sim! Como pode, como??? Fala, Danielo, fala pra ele como isso que ele me disse é feio!!!


Danielo hesita por instante olhando para os dois. Ambos encaram Danielo. Silvano olha para Danielo com uma cara de "Cuidado com o que você vai falar". Até que Danielo diz:


D - (MUITO SÉRIO) Sabe, mãe, eu acho que você deveria dar uma bitoca no Silvano mesmo, sabe? Ele já está na idade de aprender sobre os mistérios do sexo. Aliás, acho que ele seria um ótimo parceiro sexual para você. Ele é MUITO legal, sabe? Uma pessoa ESPETACULAR. Muito melhor que qualquer um desses namorados que você traz aqui pra casa às vezes...


(Enquanto Danielo fala, ele vai empurrando Leonarda em direção a Silvano)


S - (COM OLHAR MALÉFICO) ISSO MESMO, vamos, vamos lá para o seu quarto.

L - Não, não que isso! Ó, como assim???

D - Sim, mãe, sim, é isso que você deve fazer!!!!!


(Silvano e Leonarda saem de cena.)

Danielo se senta no chão e brinca de carrinho, sorrindo, feliz.


D - Ah! Ainda bem que tenho um amigo como o Silvano para cuidar de mim!


(Podemos ouvir gritos e gemidos de Leonarda e de Silvano, vindos de fora da cena)



domingo, 19 de setembro de 2010

Guardado nas Gavetas

Acho que vou arrumar as gavetas. Legal. Gavetas são coisas boas. São... amigas. E cheias de sentimento. Eu guardo minhas fezes em uma gaveta desde os 6 anos de idade. Todo dia antes de dormir olho para as minhas fezes guardadas. E canto para elas. Canto canções de júbilo e de bravura. E também conto histórias sobre homens que deixaram suas casas em busca de um futuro melhor. Sobre como eles tiveram de abandonar suas gavetas cheias de fezes para desbravar o mundo. E sobre como eles voltaram vários anos depois, só para olhar mais uma vez cada uma das fezes, e abraçá-las, para logo depois caírem mortos, em frente às suas gavetas. Eles voltaram para casa muito cansados e velhos, só tiveram energia para estar com elas por um breve instante.

*

-Não esqueça de guardar seu cocô na gaveta certa, antes de dormir. E de cantar uma canção de bravura.
-Qual delas é a certa?
-A gaveta certa é a que só tem cocô. É importante não colocar, por exemplo, na gaveta de... meias.
-Ah, tá... você bem que podia cantar uma canção pra mim.
-Está bem. Cantarei uma canção chamada "O Júbilo do Grande Desbravador".
-Ok.
-Navegou pelos sete mares
Apenas em suas fezes pensou

E delas nunca mais se desligou
Oh, mãe natureza

Dai-me aquilo que necessito!

Para desbravar novas terras
Defecar é preciso

-Nossa, que canção bonita! Vou até dormir mais feliz depois disso, estou emocionado.
-É, eu também; vou até abrir minha gaveta de fezes, e chorar um pouco em cima delas.
-Boa noite!
-Boa noite.

(Podemos ouvir o som da descarga)

domingo, 12 de setembro de 2010

Baba e Lágrimas

O homem acordou muito tarde e se levantou. Arrancou suas roupas com as unhas e os dentes, feito um animal selvagem. Depois começou a olhar para a luz, no teto. A luz feria a sua vista, mas ele continuou olhando. As lágrimas logo começaram a correr por sua face. Ele inclinava a cabeça de forma que as gotas de choro caíssem dentro de sua boca. Ele abria muito a boca e ficou muitas horas olhando para a luz, pelado, chorando, de boca aberta, cercado pelos pedaços de seu pijama rasgado. A saliva se acumulava e o homem babava muito, de forma ridícula. Escorria pelo seu peito e pela sua barriga, até chegar ao seu pau. Ele babou, babou e babou, com a boca completamente aberta, pelado, olhando para a luz, chorando, as lágrimas caindo em sua boca, cercado pelos pedaços de seu pijama rasgado.

Após algumas horas, a mulher do homem apareceu. Ela ficou olhando praquele homem ridículo, naquela situação ridícula. Então ela resolveu se ajoelhar e encostar a cara na barriga dele, de forma que a baba escorresse toda para dentro de sua boca. Ela sentia tesão pela baba do marido. Ficou lá muitas horas recebendo a baba do marido diretamente em sua boca. A baba saía da boca de seu marido, escorria pelo peito, barriga, e entrava na boca da esposa, que logo começou a babar o excesso de baba do marido, que era muito abundante. A baba que escorria da boca da esposa caía nos pedaços de pijama rasgado em que a mulher se ajoelhava.

Algumas horas depois apareceu o filho. O filho viu o pai pelado, chorando, olhando pra luz, as lágrimas caindo em sua boca, a boca aberta, babando, a baba escorrendo pelo peito, pela barriga, caindo dentro da boca da mãe, a baba da boca da mãe escorrendo e caindo no chão, nos pedaços de pijama rasgado do pai. Ele resolveu deitar no chão, num pedaço de pijama rasgado e babado, olhando pra luz, com a boca aberta, posicionado de forma que a baba que caía da boca da mãe caísse dentro da sua. Ele começou a chorar por causa da luz que feria seus olhos e as lágrimas caíam no pedaço de pijama rasgado no qual deitava sua cabeça. Com o passar das horas, a baba, que caía da boca da mãe, que originalmente tinha saído da boca do pai, misturada às lágrimas, começou a se acumular na boca do filho e escorrer para todos os lados, babando suas bochechas, narinas, queixo, olhos, e o pedaço de pijama rasgado no qual deitava sua cabeça. Com a boca lotada de saliva e lágrimas do pai, que haviam passado pela boca da mãe, e as narinas obstruídas por essa mesma composição, o menino acabou morrendo sufocado.

Quando a noite caiu, o pai resolveu parar de babar e de olhar pra luz. Ele fechou a boca e os olhos. Assim, a baba e as lágrimas pararam de escorrer pelo seu corpo e de cair dentro da boca da mãe. Então a baba lacrimejada parou de cair da boca da mãe e de afogar o filho morto. De qualquer forma, ainda havia bastante substância dentro da boca do filho, que morreu de boca bem aberta. Os pais olharam para baixo e viram o filho. Eles não haviam notado que o filho estava ali até agora. Estavam muito concentrados, e o filho não havia feito qualquer barulho que denunciasse sua presença, nem na hora da morte.

O pais pegaram, cada um, um canudinho e beberam toda a saliva com lágrimas que estava na boca do filho. Isso lhes dava tesão. Depois de beberem tudo, transaram em cima do corpo do filho morto e se deitaram para dormir. Com a luz acesa.





domingo, 5 de setembro de 2010

Verborragiar

Parece-me que alguns esperam daqui todas as respostas do mundo
Mas isso eu não posso lhes dar
Só posso lhes oferecer um pouco da minha loucura, do meu deslumbramento
Do meu delírio cotidiano
Do meu sonho de cada dia
Eu não sei o que vocês procuram aqui, o que procuram de mim
Eu não tenho nada a dizer
Nunca tive
Se disse algo, foi por acaso

As teclas inocentemente golpeadas pelos meus dedos largaram letras na tela
As letras formaram palavras ao acaso
E as palavras pareceram formar alguma ideia, opinião ou sentimento

Mas não se iludam

Não tenho nenhuma pretensão
Senão verborragiar à exaustão

Não tenho nenhumfa predtençsáão
Ssennnão veriborrrrragxiar à exaustãN


Zenão fergobagiaer ahessautan
xenon certobrior lateratanci

obae laterragiiaer ahessautan
xenon certo
gguma pretensão
Se
exaustão
Zenão f

Não tenho não
verbonrnbrio
rerhar àatanci
rear àtnci
rir ài
cr
´
!

minon
tzer
dos meu
os
as
tens que
fronhos
sdar
sonhos
tantolhese

kris
aqui
foi foi foifo foi foifo ifoif ofiofioioif
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sdgfdfsdfsdfsdtamanhodosercabana
dasuhasuihasiudhiuasdhasiudhsauihh
dashaosdhsauohsadouhasuosadhasdasdhasduoh
rozçeiral

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oasdoasdal
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OA Gabiner pa;.,ra a Proremesas, com o co ada, péa leilcau disse n dete, com saladas variadas, caldinho de feijão, pasteles, bandescom pa nham entos, são um sh,.;ow à par jà pururucarucarucavão, aipim fritodesfrito, purê de j abóboramamão,gtteção de Des vioana à milanesaelétrica, co de mo permit indo a descoberta de diferentes saboresdores. Os tradicio naiyiais uiyu(e Wiui-khjjhFi, como já ac,.;onteceu, a solicitação do gigEntãoSenãoBretões prepare os olhosanusboca uljçjlke oar aipim,y paste out;,rasarada DP) de Mabolcias fazem a aleaoleta d.,;e dados continua bre o mapa, ver image;,.ns de uiuma çklrua emlkç 360 graçlus.gh Entsdretasdfnto, o projetblico dhg;,e desculimuy samjaio uiuyam ote kljtranoMapsrdd. delíada, a quinta-feira que não vai permitir a renovação universaldebolso reyam se es;.,sasuatividaddos djeupe nata itão, torE para fech p chave de;., ouro, uma grande variedade de pouco saobdfre outros. Não tem ckjomo reks eel dGPlemente, aladar para a deliciosa Feijoadaestiradaestocada. Oinze tipos de carnes corpos cremes cremensidão são servidasupridaspartidas sO a67854mbicioso projeto permitesdf dsfaos usuários, com fsdapenas em vária76idades do mundlço receberam dados privadospúblicos acidentalmentesEcorpos%dsffdte.77

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domingo, 29 de agosto de 2010

O que você disse mesmo?

-Pra mim você é o oceano, te amo, minha deusa. Oh, minha guerreira da libido, minha vida! Meu amor!

Então exibi meu falo duro e lubrificado. Enfiei-o até sua garganta, largando minha porra onírica e caleidoscópica, construindo imagens de esperma no céu da cidade.

-Vamos, vamos todos fazer a Revolução Russa; nós, os soviéticos, vamos emparedar os inimigos, comê-los.

Começamos comendo seus cus, e depois suas bocetas aladas ornadas de diamantes negros que fariam sua tia velha ejacular. Mas por mais esdrúxulo que isso pareça, a ejaculação feminina é um fenômeno real.

-É, e é por isso que na minha lira de ódios fúteis muitas vezes não falo! Não. No hablo español. Hablo "piroquês".

E o falo grande e rijo entoou um poema sobre gozo e morte. E por fim, transaram até morrer.


***


Este texto foi criado em parceria com Flavia Doria e Álvaro Antunes, utilizando a tecnica surrealista conhecida como "exquisite corpse", na qual cada um dos participantes escreve por turno em uma folha de papel, a dobra para cobrir parte da escritura, e depois a passa ao seguinte participante para outra colaboração.








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domingo, 22 de agosto de 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

Maria Cachalote

Maria Cachalote é atriz, modelo, cantora, apresentadora de tv
e é feia pra caralho.

É feia que dói.
É derformada; de tão disforme, é difícil dizer que Maria Cachalote seja uma pessoa, e não um bolo de carne que respira.
Mas tudo bem, seus fãs não se importam, nem a mídia, nem os fotógrafos.

Por que é assim mesmo.
É assim que as coisas são.

Não importa que ela seja feia e deformada, o que importa é o seu talento.
As pessoas não se importam com a beleza física de um artista - nem com seu cheiro; Maria Cachalote fede bastante, feito um cadáver apodrecido, só que ninguém nota pelas fotos e vídeos.
Mas mesmo que pudessem sentir esse cheiro, seus fãs iriam continuar gostando dela, pois só seu talento importa.

Seus fãs também não se importam que Maria dê vexames, defeque e vomite em público, distribua crack para crianças nas ruas, e faça apologia à bomba atômica brasileira.
Eles só querem saber de seu incrível talento.

Maria Cachalote é uma artista modelo.







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domingo, 8 de agosto de 2010

Observador

-Desci, passei pela portaria e já na rua caminhei pela Honório de Barros. Estava muito tarde, e frio também. Da esquina pude ver que a janela do quarto estava acesa. Fiquei a observar, imaginando o que ele estaria fazendo.

-Abri o arquivo do relatório, que deveria ser entregue na manhã seguinte. Precisava terminar ou teria grandes problemas com minha equipe. Voltei a escrever; após alguns instantes resolvi parar um pouco. Fui até a janela olhar a rua, distrair a cabeça. Achei curioso que havia um homem na esquina da rua, olhando para mim. Curioso não; estranho.

-Enquanto observava a luz de seu apartamento, ele me avistou; tentei disfarçar na hora, mas creio que não tenha adiantado muito. Notei que ele ficou olhando diretamente pra mim por alguns instantes. Virei-me para o outro lado da rua e fiquei fumando, como se estivesse esperando alguma coisa. Quem sabe eu estivesse.

-Por que será que às 4:30 da manhã havia um homem olhando para cá? Bom, imagino que minha janela talvez fosse única iluminada àquela hora, mas, mesmo assim, ele olhou com certo interesse e expectativa, creio eu. Resolvi apagar a luz do quarto e observá-lo do escuro.

-Após alguns instantes fumando, tornei a olhar para a direção de sua janela. Para a minha surpresa a luz havia se apagado. Imaginei que talvez o tivesse incomodado. Ou quem sabe tivesse ido dormir mesmo. Apaguei o cigarro e caminhei em direção ao prédio.

-Notei que ele voltou a me observar, e que dando pela minha ausência e a da luz do quarto, caminhou em minha direção. Fiquei um pouco com medo, embora não aparentasse ser alguém com más intenções. E alguém aparenta isso?

-Chegando na portaria abri o portão. Com cuidado, para não fazer muito barulho. Caminhei até o elevador e entrei.

-Me escondi num lugar difícil de achar, perto da porta da rua. Surpreender o observador. Ou apenas deixar a passagem livre para ele?

-Cheguei no apartamento e abri a porta. Estava escuro, nenhum som. Caminhei até o quarto mas não o encontrei. Havia um vento gelado.

-Notei que ele havia passado. Rapidamente, saí de meu esconderijo e me dirigi para fora do apartamento, fechando cuidadosamente a porta. Preferi pegar as escadas, pois o elevador faria barulho suficiente para que me notasse.

-Será que havia me notado? Parecia não haver ninguém no apartamento; onde teria se metido? Escondido talvez? Não, fui cauteloso demais. Ele não pode ter saído daqui. Acendi a luz do quarto antes de me sentar no computador.

-Desci, passei pela portaria e já na rua caminhei pela Honório de Barros. Estava muito tarde, e frio também. Da esquina pude ver que a janela do quarto estava acesa. Fiquei a observar, imaginando o que ele estaria fazendo.






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domingo, 1 de agosto de 2010

Diálogo Sem Dimensão e Representação

***


Num quarto vazio.


-Estou sentindo você.
-Sim, também estou sentido.
-Estou sentindo você bem perto.
-E eu estou sentindo você longe.
-Pertolonge.
-Longeperto.
-Nem tão perto de ser longe.
-Nem tão longe de ser perto.
-Estou em cima de você.
-Eu também estou em cima de você.
-E eu estou em todos os lados.
-E também no lado de dentro.
-E eu não estou aqui.
-Nem eu.
-Estou em qualquer lugar, menos aqui.
-Estou em todos os lugares, menos aqui.
-Nós estamos sempre juntos.
-E estamos sempre separados.
-Eu sou você.
-Sou qualquer um que não seja você.
-Eu não me sou, te sou.
-Sou tudo o que você não é.
-Penso que somos.
-Penso que não somos.
-Eu e você.
-Quem?


*


Em algum momento, antes ou depois do diálogo anterior (posterior?):

-Você já parou pra reparar que...
-Não, nunca reparei.
-É, nem eu.
-Acho que reparar não seria bem a palavra.
-É, a palavra seria...
-Acho que não existe uma palavra pra isso.
-Não?
-Não.
-E como poderemos falar sobre isso então?
-Não poderemos.
-Mas...
-Não se pode fazer nada em relação a isso.
-Nem...
-Não, nem isso.
-Você pode parar de me interromper?
-Por que?
-Você não me deixa completar as ideias.
-E você iria realmente falar alguma coisa?
-Não.


No lado de fora do quarto nada acontece.







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domingo, 25 de julho de 2010

O Suco de Laranja


Eu gosto de tomar um suco de laranja; dependendo do orifício onde você derrama o suco uma sensação diferente é despertada, seja na orelha, boca, nariz, uretra, cu - algo mágico e revigorante acontece com os sentidos - às vezes passo dias deitado no chão, cercado por várias garrafas de suco de laranja, apenas derramando o suco em mim, nos meus buracos, no meu corpo, e fico o tempo todo a sorrir, movendo meus membros lentamente, meio que dançando numa poça de suco de laranja.


As pessoas não entendem, aparecem aqui e ficam dizendo que estou louco, que eu deveria fazer algo de útil, mas eu não estou louco, faço isso conscientemente, e nada no mundo pode ser mais útil do que me embeber em suco de laranja, ao meu ver. O suco de laranja é um líquido superior, é o rei dos líquidos, é o líquido que veio para substituir todos os outros.


Acho que não deveria sair água pela torneira da pia da cozinha, devia sair suco de laranja. E quando damos a descarga na privada também, suco de laranja. Imagine só, ficaria até com um cheiro melhor, não? Inclusive para limpar as coisas, o suco daria um cheiro mais natural, água não tem cheiro nem gosto, é sem graça. E quanto à água do mar? Por que não substituir por suco de laranja? Poderíamos ir gradativamente trocando a água do mar por suco de laranja, seria bem simples: retiraríamos, não sei, uns 10.000 litros de água salgada e colocaríamos 10.000 de suco laranjal. Então colocaríamos os 10.000 litros d'água num foguete, mandaríamos pro espaço e o explodiríamos. Assim, em algumas centenas de anos teríamos uma mar de suco - seria inclusive melhor para se banhar. E o planeta seria laranja visto do espaço, não azul, que é uma cor sem graça.


Quando meu filho nascer, ele só vai tomar suco de laranja. E vai tomar banho com suco de laranja. E só vai beber suco de laranja. E só vai comer suco de laranja congelado. Vou criá-lo para a causa. Ele irá entrar na escola e irá ensinar aos coleguinhas como o suco de laranja é bom para a humanidade. Ele irá apenas fazer desenhos e colagens em que o suco de laranja apareça. E nas provas, quando ele já estiver um pouco mais velho, ele sempre irá incluir o suco de laranja nas respostas, mesmo que seja uma prova de... álgebra. Irei ensinar-lhe todas as mais modernosas técnicas de persuasão, para que até seus professores sejam influenciados pelo culto ao suco laranjal.


Dessa forma, um grupo inteiro de pessoas vai se dedicar ao culto do suco de laranja. E cada uma delas irá espalhar ainda mais essas ideias. Em alguns anos, todo o planeta terá aderido ao culto laranjal. Todos os meios de comunicação, religiões, músicas, livros, só irão falar sobre o suco de laranja. Todas as outras ideias serão banidas. Após mais alguns anos, as pessoas só irão pensar em suco de laranja, nem sexo elas vão fazer mais.


Assim, lentamente a humanidade irá desaparecer, afundando numa grande poça de suco de laranja, fazendo o suco de laranja dominar o planeta de forma definitiva. O suco laranjal continuará sendo produzido depois da morte dos humanos-escravos, pois estes terão produzido autômatos capazes de fazer a tarefa por completo - desde a plantação das laranjas, até a fase final de fabricação do suco. E agora lhe ordeno: pare de ler isso e vá tomar suco de laranja nesse momento. AGORA!!!

BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA
BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA SUCO DE LARANJA
BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA
BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA BEBA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
APENAS O SUCO IMPORTA APENAS O SUCO IMPORTA
AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO
AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO
AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO
AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO AME O SUCO











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"Sinapses"
Micro-poema



domingo, 18 de julho de 2010

Vômito Cerebral

Eu caminho até o banco da praça. O examino bem. Após algum tempo, chego à conclusão de que o banco está ocupado.


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Tanto.

Foi um tantão assim, daqui, até aqui. -E como foi que ele se suicidou? - perguntei. -Foi assim. Então ela subiu no parapeito da janela gritando e se atirou. -Ah, entendi.


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Agora é uma outra coisa:

VERDES VERDES VERDES talvez eu consiga transcrever mas será necessário o pagamento de mais uma taxa, 50% em cima do valor já pago pelo senhor, não, eu não posso fazer nada, isso são ordens, não, senhor, eu já disse, senhor, por favor, não levante a voz, eu, cara, deixa eu falar, isso, é assim mesmo, não, OLHA, não encosta em mim ouviu? NÃO ENCOSTA EM MIM, eu vou QUEBRAR A TUA CARA


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agora é a mesma coisa de antes:

dfjgnjdfhgifduhn iashdihasd hasuidh hvb hu p saí de casa e caminhei caminhei caminhei pelo meio da rua pela calçada caminhei com as minhas patas e com as têmporas, elas estão queimando nesse instante, tacaram gasolina em mim e acenderam com um isqueiro, foi aquele menininho, aquele filhodamãe de seis meses de idade, fica fumando por aí, humilhando os outros assim, mas espera só, ele vai ver, vou comer a mãe dele, vou meter naquela vaca puta piranha chuparola


;


É isso, mesmo, o que foi? É. Eu gosto de ficar deitado no meu jardim, tentando comer pequenos bichinhos. Abro minha boca e fico parado. Estático. Então um bichinho desavisado vai lentamente caminhando para a morte. Quando ele se encontra dentro de minha boca dou um grito ensurdecedor e o esmago com meus dentes. NHAC NHAC, MORRE.


^~


Abre a boca e engole. Não, não quero. ABRE. Já disse, não quero. Não vou falar de novo, abre! Não. Não quero, eu... !!!!!!d!!!!!!!!!!!!!!!h!!!!!!!!!!k!!!!!!!


,


olha esse vídeo, é um vídeo de você e da sua mãe, é um vídeo de você mas que não foi feito com você, esse na tela é você mas não é você de verdade, nem é efeito especial, é realmente você, só que feito de alguma outra maneira, não me pergunte como.............................................................



@


-Observem a minha genitália - disse o homem calmamente abaixando a calça. As pessoas começaram a aplaudir de pé e gritaram emocionadas, era um lindo caralho. O homem ficou balançando de um lado pro outro, fazendo pirocoptero, dentre outras façanhas. O público foi ao delírio; as lágrimas escorriam e as pessoas aplaudiam de pé com grande devoção. O homem começou a brincar com as bolas, ficou jogando elas de um lado pro outro, batendo uma contra a outra; o telão mostrava tudo em detalhes já que as pessoas mais afastadas não conseguiam ver nada, o estádio era muito grande.


%


Nesse ponto tem tudo que existe: .
Agora, nesse outro tem apenas o que cabe num só ponto: .

Quer dizer, as coisas são relativas. Ok, você vai dizer que isso não faz sentido, mas eu tô pouco me fodendo. Vai tomar no cu!



*&*


Seco como uma lambida, eu já estou aqui todo para você, defenestrado e particionado, único momento de assombro que passarei, já não estou aqui, estou em outro lugar, mas isso já passou também e já estou aqui de volta novamente, caso contrário não estaria me vendo, imbecil, isso foi há mais de vinte anos.


'


Ai, mãe, olha, mãe, o verme tá saindo de dentro do meu machucado podre. E tá dando um tchauzinho.


''


-Eu adoro/odeio você. Você é tão legal/chata/bonita/feia/bizarra/comum/nojenta/limpinha/fedorenta/cheirosa/inteligente/burra.
-Igualmente!


'''


Essa aqui é a cabeça do meu filho: @
Ela tem esse formato estranho mesmo, ele é deformado.
ele é deform


{}


pai, oi filho, me disseram na escola que eu fui trazido pela cegonha é verdade?, não filho, ah sim foi quando você pôs a sua sementinha na mamãe que eu nasci?, também não filho, então como foi?, foi por geração espontânea eu e sua mãe juntamos um monte de carne podre e você veio dali, AAAAAAAHHHHHHHHHH


[]


A voz chamuscada de relances escondidos se esmilinguiu em formas de prédios invertidos. Prédios negativos, onde se mora fora deles e debaixo da terra. Com sabor de travas. Cada toque é uma estocada de luzes, luzes nos seus ouvidos, luzes nos seus ouvidos, tem algo de errado acontecendo aqui, luzes que estão caminhando de forma trôpega com a cor dos pensamentos que foram descartados. Do outro lado, tem algo acontecendo de errado aqui, oi?, você quer dizer "cartas" e não "laranjas", todo dia é a mesma coisa, como você aguenta? Vai lá e compra o jornal da semana retrasada, to precisando de uma escova de dentes nova. Ás vezes ela vem aqui e tenta me seduzir com essas máquinas. ESSAS MÁQUINAS. Mas não; eu não me deixo levar. Pego aquilo e taco no chão - destruo. Nunca mais volte aqui!!! Você não manda em mim, mas isso seria bom, não interessa, nunca mais bote o pé nesta casa, mas a casa também é minha, sua é o caralho, e lhe empurro para fora de casa. Prédios invertidos. Se ela saiu, agora deve estar no lado de dentro, ou não? Ou seria, "ou sim"? Me tranco no banheiro. Há vinte anos atrás saí de casa. Não me lembro mais o motivo. Acho que não fui no supermercado essa semana. Minha escova está ficando verde e apodrecida, que nem minhas pernas. Essa escova com sabor de travas. Me lembra da voz, da voz chamuscada de relances invertidos. E tortos, deformados e espremidos. Lembro de ter pisado na cabeça dela. Daquele grito, golpe na minha cabeça e o escuro. Nunca mais faça isso novamente, ouviu? você não pode me controlar, cala a boca se não vai passar o resto dos seus dias aqui dentro sendo enrabado, foi aí que me lembrei daquele dia que fui brincar no parquinho, e o menino me bateu e nunca consegui revidar, se você gosta de ser enrabado continua fazendo isso.


_-_-_


Ele caminhou até o banco da praça onde me sentava. Examinou bem. Após algum tempo, chegou à conclusão de que o banco estava ocupado.


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TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARNE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CARN
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CAR
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE CA
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE C
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR DE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR D
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDOR
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOEDO
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOED
TIRA A MINHA CABEÇA DO MOE
TIRA A MINHA CABEÇA DO MO
TIRA A MINHA CABEÇA DO M
TIRA A MINHA CABEÇA DO
TIRA A MINHA CABEÇA D
TIRA A MINHA CABEÇA
TIRA A MINHA CABEÇ
TIRA A MINHA CABE
TIRA A MINHA CAB
TIRA A MINHA CA
TIRA A MINHA C
TIRA A MINHA
TIRA A MINH
TIRA A MIN
TIRA A MI
TIRA A M
TIRA A
TIRA
TIR
TI
T
I
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domingo, 11 de julho de 2010

Entre(vista)

Depois da minha coletânea de posts do twitter resolvi fazer uma de respostas minhas no Formspring, criando assim uma espécie de entrevista-virtual-fictícia. São perguntas feitas por Taiyo, Flavia, Thais, Marcella, Ferdi, Pearl, Los Bife e anônimos. Sirvam-se.


*


Taiyo: David Lynch. O que significa pra você?

Significa a verdade do mundo escondida dentro do grotesco escroto e bizarro eu vejo a minha vida e a verdade dos mundos que não se pode dizer nem pensar falar comer pensar gozar lamber amar foder


Pearl: Com o que você sonha?

Sonho com o fim do mundo, naves alienígenas, amores impossíveis, minhocas tranparentes que mordem meus pés, sexo rápido e fácil, professoras de piano assassinas, barbies que atendem a porta, crianças que morrem congeladas, shows de rock na portaria do meu prédio, que posso voar quando respiro forte, com músicas que nunca poderei escrever, a Musa da Beleza Interior, exércitos que cantam belas canções para causar destruição, partituras impossíveis de ler, e pessoas que jogam futebol dentro de lojas de CD's. Que eu me lembre agora.


Los Bife: Chão ou teto?

Voando, no meio, entre os dois.


Los Bife: Plural ou singular?

Pluringular.


Pearl: Qual seria o nome da sua religião?

Pacatrigajosiflatrubumcaxoformiga.


Taiyo: Existe alguma maneira de escrever poesia com gozo e areia?

Você deve introduzir 100 gramas de areia dentro de seu pênis e ejacular; a mistura cria algo que lembra as nossas experiências do jardim de infância, quando fazíamos desenhos com cola e areia.


Marcella Leal: Se você fosse um Super Herói, que profissão escolheria para esconder a sua identidade secreta?

Ator pornô de filmes com animais.


Anônimo: Melhor local pra transar?

Um lugar onde você não seja espancado. E tenha cores agradáveis.


Ferdi: E se eu atirar balas de goma na velocidade da luz em direção àquelas árvores mutantes que você conversava ontem, hein? Que você fará, cumpadi?

Vou abrir minha cloaca e emitir o som da realidade instável dos mundos paralelos; assim o abacateiro atômico vai parir minha mãe e vou poder nascer.


Taiyo: Vagina. É uma palavra bonita?

Prefiro "porta-porra".


Taiyo: Mulher. Pra que serve uma mulher?

A mulher faz comida e sexo. Ela também pode contar histórias e conversar com você, para te divertir. Fora isso ela fica rodando por aí, sem entender sua própria existência.


Taiyo: Como seria um filme maneiro?

Um filme que começa com um close na cara de uma criança gritando, loucamente, aí o close vai pra o fio de baba que está escorrendo. Depois entra uma cena numa farmácia. O farmacêutico fala algo sobre o lanche que ele fez pra vó dele. Depois corta pra uma cena muito curta de menos de um segundo, na qual um cu é golpeado com um bastão, logo depois um homem fala algo sobre o lóbulo da orelha de uma moça que ele viu rapidamente vinte anos antes, mas ele não se lembra bem pra falar a verdade. Enquanto ele fala sobre isso ele tropeça e cai num poço. Enquanto isso, ao lado do poço uma menina brinca de arrancar as patas de uma formiga. Com os dentes. Depois ela caminha até sua irmã e cospe as patas dentro do olho dela, mas como ela está gripada vem com muito catarro amarelado; os olhos da irmã ficam totalmente cobertos pelo muco. Por não conseguir ver nada, a pequena irmã caminha correndo o mais rápido que consegue, em qualquer direção, se chocando com os obstáculos do caminho, até que ela bate a cabeça numa ponta de faca e morre.


Taiyo: O que é um bom filme pornô? qual a trama do filme? que tipos de relações devem ser mostradas?

Um fime pornô de qualidade deve apresentar as seguintes características: a música deve ser congruente com as cenas. Nas cenas de amor, a música deve ser romântica, e nas cenas de meteção deve ser um metal pesado. A trama deve ser leve e superficial - deve-se poder resumir a trama em, no máximo, 20 palavras. A história deve ser forçada, chegando quase a ser irreal. Afinal, ninguém começa a ver um filme pornô achando que é algo tipo Spielberg. As mulheres devem fingir que são puras, até o último minuto, e os homens devem se comportar como uns macacos loucos que estão no cio. O inicio da transa é um momento delicado da "história". Pois é onde acontece a mágica; é onde o filme meio que muda de gênero. Deve ser bem pouco sutil e ao mesmo tempo deve fazer a pessoa vibrar de "emotesão". Depois disso vem a parte mais longa da saga. Haverá a transa, que será extremamente longa e barulhenta. A camera deverá dar close nas seguintes parte: na cara do mulher, na cara do homem (depende do gênero pornô, alguns não devem mostrar a cara do homem pra que você ache que o pau dele é seu. Pois é.), pau, cu da mulher, cu do homem (apenas se for um filme gay), bunda da mulher, peito da mulher, boca da mulher, vagina da mulher. No final, obviamente, o homem deve ejacular na cara da companheira, de preferência da forma mais nojenta o possível. No final o homem fica arfando de satisfação feito um boi e a mulher com uma cara besta dizendo como gostou de ser comida. Superficialmente, é assim que um bom filme de foda funciona.


Anônimo: Uma cena?

Dois homens; um está com o corpo em chamas, o outro come açaí enquanto o esfrega pelo corpo; o primeiro diz "Sabe, sempre quis ser jogador de peteca"; o segundo diz "Olha, no dia que conseguir esticar meus dedos todos, irei até a esquina da minha rua".


Taiyo: Onde eu encontro poesia no cotidiano?

A poesia do cotidiano não existe, é uma maluquice da cabeça dos poetas loucos, a poesia é tudo o que não existe.


Anônimo: A vida em uma palavra pra você?

Gosminha.


Anônimo: Já perdeu o sono pensando em alguém ? Quem?

Gengis Khan.


Thaís: Sua atitude mais romântica foi?

Voadora nos seios.


Anônimo: Você se considerado um cara gozado ou gozador?

Um gozador. Eu gozo, bem na cara das pessoas. Metaforicamente falando de uma forma literalmente simbólica.


Anônimo: Uma simples atitude?

Enfiar a cabeça na privada.


Anônimo: Qual é a sua relação com o açaí? É algo mais sério ou apenas sexo casual?

É um caso sério de sexo casual.


Anônimo: Por que a morte é sempre tão recorrente nos teus textos?

Boa pergunta. Não sei bem o por quê; talvez seja porque nós morremos; ou por que é algo muito representativo/simbólico.É também uma maneira de terminar as coisas - morre, acabou. Geralmente, quando a utilizo, a morte possui um tom irônico/cômico, nunca é algo fatalista, triste ou negativo. É bom ressaltar que...

(nesse momento uma bomba explode e mata o Rafael, impedindo que ele termine de responder)







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"Sinapses"
Micro-poema